A feralidade cartonera, um efeito não anunciado do Antropoceno remendado

Vivemos uma época de catástrofes marcada por uma crise ambiental que ameaça a possibilidade de muitas vidas na Terra, inclusive a dos seres humanos. Esses impactos causados pela interferência do ser humano no planeta indicam o surgimento de uma nova época geológica chamada Antropoceno. Neste trabalho busco compreender o lixo, um dos atores que interferem no aquecimento da temperatura global, não como um problema, mas como um bem comum. A partir da perspectiva de Antropoceno remendado proposto por Anna Tsing no Feral Atlas, procuro seguir os rastros de contaminação do lixo e os eventos ferais que emergem a partir dessa entidade, como a prática cartonera. A feralidade cartonera não está na sua resistência à domesticação imposta pelas leis do mercado editorial, mas, sobretudo, pela aliança construída entre os diferentes atores envolvidos no processo simbiótico de fazer-com que possibilita a criação de novos territórios e novas formas de projetar e viver.